O papel da Educação Física na Educação Básica passou nas últimas
décadas por grandes mudanças. Inicialmente eram valorizadas a aptidão física e
a mera prática. Essa concepção foi validada pelo decreto lei no
69.450, de 1971, que atribuía à Educação Física a tarefa de desenvolver a
aptidão física dos alunos. Uma mudança mais radical desse papel da Educação
Física aconteceu somente com mais uma alteração na legislação, dessa vez com a
nova LDB, Lei no 9.394/96, e em consequência da formulação
dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais, 2001) para todas as disciplinas
escolares, inclusive a Educação Física. Essas mudanças aconteceram nos finais
da década de 90. Os PCNs de Educação Física, embora bastante questionados pelos
profissionais da área, pertencentes a um grupo chamado de pensamento renovador
em Educação Física, surgido nos finais da década de 80, trouxeram uma série de
mudanças tanto em conteúdos como nas metodologias de ensino. Com isso começa a valorização
da Educação Física como componente curricular, objetivando não mais apenas a
aptidão física dos alunos, mas principalmente oferecer-lhes oportunidades de
experimentar, conhecer e apreciar diferentes formas das práticas da cultura do
movimento.
É necessário acrescentar que especialmente a partir da década de
70 o esporte passa a ser fator determinante das aulas de Educação Física. A
formação profissional, já desde a década de 60, é fortemente marcada pela
presença do esporte. Professores eram formados para serem essencialmente
técnicos esportivos, e a clientela dessa formação profissional era
majoritariamente composta por ex ou ainda atletas.
Assim,
pode-se dizer que aconteceram nessa trajetória histórica dois períodos bem
distintos na valorização e entendimento sobre conteúdos e metodologias em
Educação Física. Um desses períodos pode ser identificado como da evidência e
inquestionabilidade, em que o esporte, como já dito, era fator determinante. A
tarefa do profissional da Educação Física era ensinar os esportes e, se
possível, treinar alunos(as) para as modalidades esportivas, formando equipes e
atletas para as disputas em nível escolar ou extra escolar.
O profissional formado para essa finalidade não via a necessidade
de questionar essa sua tarefa profissional e muito menos o esporte. Tudo era
muito evidente e inquestionável. O outro período, que começa com a década de
80, pode ser identificado como da crítica. A saída da ditadura militar nessa
década permitiu a formulação de novas ideias e especialmente questionar ideias
antigas. A Educação e a Educação Física participaram ativamente desse processo.
Ficou instalado, assim, o que alguns teóricos da área vieram a chamar de a
“crise da Educação Física brasileira”. Saliente-se que não apenas a Educação
Física escolar foi alvo de crítica e de “crise”, mas toda a área.
FONTE: CURSO DE
PEDAGOGIA-EaD-UFPR – Módulo: Conteúdo,
Metodologia e Avaliação do Ensino de Educação Física. Elenor Kunz & Palmira
Sevegnani – 2011.
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